Candido Portinari, Meninos soltando pipa, 1952.
Muitos daqueles que escrevem sobre cultura e educação tratam a brincadeira como uma aquisição cultural, ou seja, uma ação ensinada e aprendida por meio das interações entre os sujeitos. Tal pressuposto tem servido à educação no sentido de sensibilizar os profissionais da área para a importância do brincar e das brincadeiras em contexto pedagógico, sobretudo, na primeira infância. Em tese, alertam sobre seus benefícios para a construção de um sujeito saudável, bem como recomendam a prática como coadjuvante no processo civilizatório. O acesso aos conhecimentos é abundante, haja vista, a imensa produção acadêmica sobre o tema. Entretanto, a prática ainda permanece obscura, pelo simples fato de haver uma distância considerável entre conhecer e saber.
A gente pode ter conhecimento sobre vários assuntos, mas saber é diferente. O saber está relacionado à experiência. Ninguém em sã consciência entregaria seus cabelos a um cabeleireiro que apenas conhece sobre cortes, ao passo que não teria dúvidas para freqüentar um outro que sabe fazer cortes incríveis. Digamos que o conhecimento é o lado teórico do saber, enquanto que o saber é um conhecimento essencialmente prático.
Com a brincadeira é igual, há aqueles que conhecem sobre o brincar e os que sabem brincar. Neste sentido, conhecer não é suficiente, pois brincar exige disponibilidade, envolvimento e ação. Precisa estar presente, inteiro, de corpo todo. As crianças e os animais fazem isso muito bem, mas para nós adultos é uma missão quase impossível. Raramente nos dispomos à brincadeira, estamos sempre apressados, sempre cansados, sempre sérios, sempre adultos! Aos poucos vamos deixando de brincar e nos esquecemos do prazer e da alegria que a brincadeira proporciona.
Ficamos apenas com o conhecimento e deixamos o saber e sem saber nos entristecemos sem saber o porquê.
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