segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

EDUCATE TE


Educate te

Educate te” em latim quer dizer educar a si próprio. A expressão é bem polêmica e antes de prosseguir com minha escrita, convém ressaltar que tenho a consciência de que o título deste blog e do escrito em questão pode despertar furor em alguns educadores, principalmente àqueles que se identifiquem com a filosofia do mestre Paulo Freire, quem afirmou categoricamente: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." Compreendo o sentido da colocação freiriana e me ponho como admiradora  da obra e dos pressupostos por ele deixados, porém,  após uma década de magistério a paródia sobre a inscrição socrática faz todo sentido.
Assim, com um olhar de observador capcioso permito-me a seguinte alusão: educar implica na transmissão dos conhecimentos adquiridos pela humanidade ao longo da civilização e para que esses saberes passem de geração em geração é necessário que o transmissor seja pleno conhecedor da memória coletiva do grupo ao qual pertence e também de sua história pessoal, antes de educar aos outros é necessário conhecer a si mesmo ou melhor saber de si próprio, de seus desejos, medos e satisfações.
            Ouço coordenadores de escola inconformados com a prática de alguns de seus professores. Afirmam não compreender porque mesmo depois de inúmeros cursos de capacitação e reciclagem (nomes pouco próprios para se referir à formação de pessoas) alguns professores seguem exercendo seu fazer do mesmo modo, por anos e anos, até que a aposentadoria os separe. A constatação é legítima, pois há uma distância significativa entre conhecer e saber. Pode-se conhecer por meio dos livros, através da televisão ou do computador, mas saber não, saber tem a ver com o corpo, com as vivências desse corpo e com tudo aquilo que se permite saborear e viver.
            Além de português e matemática, a escola deveria se preocupar com outras coisas. Rubem Alves, em A casa – A escola diz: “Assim são os saberes: ferramentas. Ninguém aprende ferramenta para aprender ferramenta. O sentido da ferramenta é o seu uso na prática. O sentido de um saber é seu uso na prática. Rubem Alves, em A casa – A escola diz: “Assim são os saberes: ferramentas. Ninguém aprende ferramenta para aprender ferramenta. O sentido da ferramenta é o seu uso na prática. O sentido de um saber é seu uso na prática, assim, o sentido de educar a si próprio é aprender sobre si para saber do outro e no encontro com o outro saber cada vez mais de si.
            Neste sentido, compartilho do mesmo sentimento que Rubem Alves quando este afirma que a escola deveria ensinar outras coisas. Além do bom  e velho português, poderia se ensinar  sobre a sabedoria da memória, sobre a suavidade da alegria , sobre o exercício da paciência, sobre o valor da  escuta, inclusive, da escuta da voz do coração.
            É por isto e por outras razões que insisto: EDUCATE TE.

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